Resolvi trocar umas idéias com C.S. Lewis (1898 – 1963). É isso mesmo. Estou curioso para saber o que este gigante da fé cristã pensa sobre Teologia e espiritualidade.
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Provavelmente você deve estar achando muito estranho alguém em 2009 entrevistar o “mais relutantes dos convertidos”* postumamente, não é mesmo? Você deve estar se perguntando: Será que o Daniel consultou o espírito de Lewis através da necromancia?
Na verdade queridos leitores, eu elaborei as perguntas, e as palavras registradas em dois de seus livros me responderam com exatidão (Cristianismo puro e simples, p.203-206 e na última pergunta consultei Peso de gloria, p. 61,62). Foi deste modo, bem simples.
* Devo lhes dizer que todas as respostas de Lewis foram retiradas integralmente dos livros citados, sem qualquer tipo de acréscimo ou recurso literário de minha parte.
****Bate-papo com Lewis****
Porque você resolveu falar sobre Teologia em plena 2º guerra mundial para o leitor comum?
Todos me aconselharam a não lhes dizer o que vou dizer (...) Afirmam: “O leitor comum não quer saber de Teologia; dê-lhes somente a religião simples e prática.” Rejeitei o conselho. Não acho que o leitor comum seja um tolo.
Você realmente acredita que Teologia é importante para o leitor comum? E como você define Teologia?
Teologia significa “a Ciência de Deus”, e creio que todo homem que pensa sobre Deus gostaria de ter sobre ele a noção mais clara e mais precisa possível. Vocês não são crianças: porque, então, lhes tratar como tal?
Lewis, nós estudantes, ouvimos exaustivamente que Teologia é “letra que mata”, desnecessária para o crescimento saudável da fé, e que o mais importante é a experiência real com Deus. Você também acredita que as experiências com Deus são suficientes e muito mais proveitosas?
Em certo sentido, até compreendo por que algumas pessoas se sentem desconsertadas ou até incomodadas pela Teologia. Lembro-me de certa ocasião em que dava uma palestra para os pilotos da R.A.F. e um oficial velho e rijo levantou-se e disse: “Nada disso tem serventia para mim. Mas saiba que também sou um homem religioso. Sei que existe um Deus. Sozinho no deserto, a noite, já senti a presença dele: o tremendo mistério. Para qualquer um que tenha conhecido a realidade, todos eles (doutrina, dogmas e fórmulas) parecem mesquinhos, pedantes e irreais”. Ora, num certo sentido, até concordo com esse homem.
Quer dizer que o senhor concorda com o que este oficial lhe disse? Explique-nos melhor.
Creio que ele provavelmente teve uma experiência real com Deus no deserto. Quando se voltou da experiência para a doutrina cristã, acho que realmente passou de algo real para algo menos real. Da mesma maneira, um homem que já viu o Atlântico da praia e depois olha um mapa do Atlântico também está trocando a cosia real pela menos real: troca as ondas de verdade por um pedaço de papel colorido.
Bom Lewis, se for assim então, qual é a necessidade de estudarmos Teologia? Quem em sã consciência irá trocar as ondas de verdade (experiência real), por um pedaço de papel colorido (Teologia)?
Mas é exatamente essa a questão. Admito que o mapa (Teologia) não passa de uma folha de papel colorido.
Você realmente acredita que Teologia é importante para o leitor comum? E como você define Teologia?
Teologia significa “a Ciência de Deus”, e creio que todo homem que pensa sobre Deus gostaria de ter sobre ele a noção mais clara e mais precisa possível. Vocês não são crianças: porque, então, lhes tratar como tal?
Lewis, nós estudantes, ouvimos exaustivamente que Teologia é “letra que mata”, desnecessária para o crescimento saudável da fé, e que o mais importante é a experiência real com Deus. Você também acredita que as experiências com Deus são suficientes e muito mais proveitosas?
Em certo sentido, até compreendo por que algumas pessoas se sentem desconsertadas ou até incomodadas pela Teologia. Lembro-me de certa ocasião em que dava uma palestra para os pilotos da R.A.F. e um oficial velho e rijo levantou-se e disse: “Nada disso tem serventia para mim. Mas saiba que também sou um homem religioso. Sei que existe um Deus. Sozinho no deserto, a noite, já senti a presença dele: o tremendo mistério. Para qualquer um que tenha conhecido a realidade, todos eles (doutrina, dogmas e fórmulas) parecem mesquinhos, pedantes e irreais”. Ora, num certo sentido, até concordo com esse homem.
Quer dizer que o senhor concorda com o que este oficial lhe disse? Explique-nos melhor.
Creio que ele provavelmente teve uma experiência real com Deus no deserto. Quando se voltou da experiência para a doutrina cristã, acho que realmente passou de algo real para algo menos real. Da mesma maneira, um homem que já viu o Atlântico da praia e depois olha um mapa do Atlântico também está trocando a cosia real pela menos real: troca as ondas de verdade por um pedaço de papel colorido.
Bom Lewis, se for assim então, qual é a necessidade de estudarmos Teologia? Quem em sã consciência irá trocar as ondas de verdade (experiência real), por um pedaço de papel colorido (Teologia)?
Mas é exatamente essa a questão. Admito que o mapa (Teologia) não passa de uma folha de papel colorido.
****Intervalo para o chá****
Em off para Lewis: nós o convidamos para nos ajudar a defender a importância da Teologia. O senhor não percebe que está nos constrangendo publicamente? Deveríamos ter chamado Francis Schaeffer. Você precisa se esforçar para nos explicar melhor seu ponto de vista como um teólogo que já vendeu mais de 200 milhões de livros em mais de 30 línguas diferentes.
****Retomando a entrevista****
O senhor pode nos explicar melhor o que você quer dizer quando se refere a Teologia como um mapa colorido de papel?
O mapa não passa de uma folha de papel. Mas há duas coisas que devemos lembrar a seu respeito. Em primeiro lugar, ele se baseia nas experiências de centenas ou milhares de pessoas que navegaram pelas águas do verdadeiro oceano. Dessa forma, tem por trás de si uma massa de informações tão reais quanto se pode ter da beira da praia; com a diferença que, enquanto a sua (experiência) é um único relance, o mapa abarca e colige todas as experiências de diversas pessoas. Em segundo lugar, se você quer ir para algum lugar, o mapa é absolutamente necessário.
O que é então mais importante de acordo com seu ponto de vista: experiência ou teologia?
Enquanto você se contentar com caminhadas à beira da praia, seus vislumbres serão mais divertidos que o exame do mapa; mas o mapa será de mais valia que uma caminhada pela praia se você quiser ir para um lugar distante. A teologia é como um mapa. O simples ato de aprender e pensar sobre doutrinas cristãs, é sem dúvida menos real e menos instigante que o tipo de experiência que meu amigo teve no deserto. As doutrinas não são Deus, são como um mapa. Esse mapa, porem, é baseado nas experiências de centenas de pessoas que realmente tiveram contato com Deus (...) Além disso se você quiser progredir, precisará desse mapa.
Parece-nos que o senhor está afirmando que para o verdadeiro progresso na fé, o indispensável é o mapa e não a experiência. É isso mesmo?
Note que o que aconteceu com aquele homem no deserto pode ter isso real e certamente foi emocionante, mas não deu em nada. Não levou a lugar nenhum. Não há nada que possamos fazer.
Porque então é que as pessoas superlotam os lugares que prometem experiências concretas com Deus; e nossas escolas dominicais e reuniões de estudos bíblicos, estão sempre vazias?
Na verdade, é justamente por isso que uma religiosidade vaga – sentir Deus na natureza e assim por diante – é tão atraente. Ela é toda baseada em sensações e não dá trabalho algum: é como mirar as ondas da praia.
Isto não quer dizer que as experiências não sejam importantes, não é mesmo? Acontece Lewis, que tem uns teólogos por ai que colocam Jesus na Torre de Marfim das academias filosóficas e desejam aniquilar a possibilidade do contato pessoal com o divino.
Também não chegaremos a lugar algum, se ficar examinando os mapas sem fazer-se ao mar. E, se fizer-se ao mar sem um mapa, não estará seguro.
É muito importante ressaltar isso que o senhor acabou de falar. Tanto o mergulho no mar, quanto o mapa são importantes. Assim como você, também somos a favor deste equilíbrio. No entanto Lewis parece-nos que hoje em dia, somente a experiência tem valor. Sofremos muito preconceito por dedicarmos nosso tempo ao estudo teológico. Qual é, portanto, a importância da Teologia hoje em dia?
A Teologia é uma questão pratica, especialmente hoje em dia. No passado, quando havia menos instrução formal e menos discussões, talvez fosse possível passar com algumas poucas idéias simples sobre Deus. Hoje não é mais assim. Todo mundo lê, todo mundo presta atenção a discussões. Consequentemente, se você não der atenção à Teologia, isso não significa que não terá idéia alguma sobre Deus. Significa que terá, isto sim, uma porção de idéias erradas – idéias más, confusas, obsoletas.
Poxa Lewis. É exatamente isto que tem acontecido no Brasil. A falta da Teologia está levando a igreja a adotar idéias e praticas absolutamente estranhas a Revelação bíblica. O que você tem a dizer para estes que são os responsáveis por introduzir elementos anômalos ao seio da igreja evangélica nacional?
A imensa maioria das idéias que são disseminadas como novidades hoje em dia são as que os verdadeiros teólogos testaram vários séculos atrás e rejeitaram.
O que podemos fazer? Você acha importante o ministério apologético?
Ser ignorantes e simples agora - não estar aptos para enfrentar os inimigos em seu próprio campo - seria abrir mão de nossas armas e trair nossos irmãos sem formação acadêmica, que, abaixo de Deus, não ter nenhuma defesa contra os ataques intelectuais dos pagãos, a não ser a defesa que lhes podemos oferecer. (O peso de gloria, p. 61-62)
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Fonte: Soli Deo Gloria, via Púlpito Cristão
paz do senhor meu querido irmão.
ResponderExcluirmuito rica esta entrevista.
o mar e o papel,o real e a teoria,o feijão e o aróz,
o estudo da palavra e a oração.todos esses se completa.
quando estudamos a palavra Deus fala com nós.
quando oramos falamos com Deus.